Os altos e baixos do SEO em outubro de 2025
- Juliana Melo

- 11 de nov.
- 14 min de leitura
Atualizado: 12 de nov.
Volatilidade nas SERPs, bugs que bagunçaram os gráficos de tráfego e mais uma rodada de testes envolvendo IA: outubro foi tudo, menos previsível. Enquanto isso, o Google segue na missão de popularizar o AI Mode.
Highlights
Volatilidade nas SERPs: outubro registrou fortes oscilações de ranking e picos de instabilidade, influenciados por bugs e ajustes internos do Google;
IA cada vez mais integrada: novos testes com o AI Mode e o AI Overviews mostraram que as poderosas ferramentas de busca generativa do Google devem moldar cada vez mais as dinâmicas de busca e interação com os resultados;
Social em alta: redes sociais dominaram os rankings de tráfego orgânico, impulsionadas por virais e pelo avanço do social commerce;
E-commerce em retração: o varejo digital sentiu a entressafra entre campanhas sazonais, enquanto a preparação para a Black Friday começava a aquecer os bastidores.

O mês mais assustador do ano foi cheio de sustos pra quem trabalha com SEO! 👻
Depois de um setembro agitado, outubro chegou com SERPs ainda mais instáveis e imprevisíveis. Além da volatilidade assustadora, as páginas de resultados enfrentaram também os efeitos de um bug na exibição.
Mas nem só de turbulência vive a web. Alguns nichos conseguiram surfar bem nessa maré digital composta pela complexa mistura entre mudanças algorítmicas, fatores sazonais e tendências comportamentais. É o caso das categorias de Esportes e de Redes Sociais, assim como da “grande revelação” do mês: o segmento de Publicações e Impressão, que nunca tinha aparecido nos rankings até o momento.
Em contrapartida, categorias mais informacionais e de busca direta sentiram mais uma vez o peso das mudanças nas dinâmicas de busca. Materiais de Referência, E-commerces e Notícias foram alguns dos nichos que apresentaram quedas expressivas. É o reflexo de uma pesquisa cada vez mais atravessada pelas IAs.
Para saber mais sobre tudo isso, pode continuar por aqui: no nosso Relatório de Altos e Baixos de Outubro, a gente vai explorar os principais acontecimentos que agitaram o mundo do SEO no décimo mês do ano. Além disso, também vamos te ajudar a entender os movimentos da web brasileira, com análises exclusivas sobre as categorias que mais ganharam (e perderam) visibilidade.
Ah! Aproveita pra dar uma olhada nos nossos outros relatórios mensais, e no nosso Guia de IA e SEO, onde deixamos você por dentro de tudo o que tá rolando em termos de atualizações e lançamentos no universo da Inteligência Artificial.
Confira, a seguir:
Panorama: o que rolou no mundo das buscas em outubro
Se você notou suas métricas de SEO subindo e descendo mais do que montanha-russa nas últimas semanas, pode saber que não foi impressão sua! Outubro foi marcado por uma volatilidade muito intensa nas SERPs (páginas de resultados de busca), fenômeno que se estendeu pelo mês inteiro. É o que mostra o gráfico abaixo:

Gráfico de volatilidade dos rankings da Pesquisa Google na plataforma Wincher (dados globais)
Isso significa que o posicionamento dos sites nas buscas esteve extremamente instável, com mudanças bruscas e imprevisíveis na classificação dos resultados. Em outubro, essa instabilidade foi particularmente acentuada, com picos notáveis registrados entre os dias 15 e 25 do mês.
As flutuações provavelmente são reflexos da intensa recalibração nos parâmetros de qualidade que o Google vem promovendo em seus mecanismos de busca. É possível que muitos dos efeitos práticos do Spam Update de Agosto estejam vindo à tona agora, mas tudo indica que outros ajustes de infraestrutura aconteceram por trás das cortinas.
Embora o buscador esteja sempre modificando seus sistemas de classificação, a volatilidade desse mês foi atípica, diferente do que se espera dos ajustes regulares convencionais. É por isso que, nos fóruns e portais de SEO, muita gente levantou a hipótese de que o Google teria realizado um core update não oficial em outubro. Ou seja, uma atualização grande que não foi divulgada ao público.
Aliás, a volatilidade dessa vez esteve alta até em comparação com os meses que tiveram updates oficiais (confirmados pela companhia). Na matéria da agência SEOBoost, a situação foi descrita como “uma das mudanças de algoritmo mais agressivas de todos os tempos”. O Google não se pronunciou sobre o assunto.
A seguir, a gente fala um pouco mais sobre outros acontecimentos que causaram burburinho nos fóruns e discussões de redes sociais.
Problema de serving na Pesquisa Google
Além da volatilidade algorítmica, o Google também enfrentou falhas técnicas que causaram dor de cabeça para muitos webmasters e usuários. Foi um problema de serving (exibição) registrado no dashboard de incidentes no dia 3 de outubro.
A gente explica: termo serving se refere ao processo de exibir os resultados de busca (ou seja, de "servir" a página de resultados) para o usuário após a consulta. É a etapa final, que ocorre depois que o Google rastreou e indexou o conteúdo, como explica o vídeo oficial:
Quando acontece um bug de serving, mesmo que a indexação e o ranqueamento estejam “normais”, a entrega pode falhar ou os resultados exibidos podem estar fora de sincronia com o que foi indexado. Isso significa que, por um período, a capacidade do Google de entregar os resultados de busca de forma estável e consistente foi afetada.
O incidente, que foi corrigido no dia 6 de outubro, também pode ter contribuído para o cenário de volatilidade acentuada que mencionamos ali em cima (e para a ansiedade das equipes de SEO, né?).
Google testa botão no AI Overviews para levar os usuários direto para AI Mode
Se tem uma coisa que o Google adora fazer é testar novas formas de manter os usuários engajados nas ferramentas de IA impulsionadas pelo Gemini.
Em outubro, algumas pessoas se depararam com experimentos que sugerem uma nova conexão entre os AI Overviews e o AI Mode. Que, aliás, foi expandido para 40 novos países e passou a funcionar em mais 35 idiomas no último mês.
Os testes dizem respeito ao botão "Mostrar Mais" (Show More), que aparece no final dos resumos automáticos do AI Overviews (as Visões Gerais de IA).
Normalmente, o "Mostrar Mais" expande o resumo ali mesmo, exibindo mais uma parte do texto na SERP. Na versão que está sendo testada, o clique no botão leva o usuário diretamente para a interface do AI Mode, abrindo uma barra com os dizeres “Pergunte qualquer coisa”.
O “flagra” foi registrado pelo especialista em SEO Harpreet Chatha, que compartilhou um vídeo em uma publicação na rede social X.
Esse tipo de teste sinaliza várias coisas: primeiro, que o Google está tentando transformar a experiência de busca em algo mais interativo e “em modo conversa”. Segundo, que o AI Mode tem tudo para ser a maior aposta da companhia para o próximo ano, assim como foi o AI Overviews em 2024 e 2025.
Por fim, o experimento mostra que a jornada de pesquisa ainda deve mudar bastante no futuro próximo: quando a funcionalidade for oficialmente adotada, os usuários terão experiências de busca cada vez mais concentradas nas ferramentas de IA, com menos foco na listagem de links orgânicos tradicionais.
É mais um lembrete de que o futuro do SEO não se trata apenas de aparecer bem nos rankings, mas de ser a fonte de autoridade que a IA escolhe para citar nas respostas.
Lançamento do Atlas, o novo browser de IA da OpenAI que exige um ajuste de estratégia
Com o lançamento do Atlas — o browser com interface de IA da OpenAI — o ecossistema de busca e consumo de conteúdo pode passar por uma ruptura silenciosa que todo profissional de SEO deve acompanhar de perto.
Pois é! Ele promete não apenas tornar mais fluído o acesso à geração de respostas automatizadas e conversacionais, mas também alterar o “ponto de entrada” que os usuários utilizam para buscar informação, pesquisas e até compras.
Alguns pontos-chave a considerar:
Mudança no comportamento de entrada: quando o browser já se comporta como um assistente que sugere conteúdos, faz resumos ou antecipa dúvidas, o clique tradicional (para um site) pode diminuir, e a forma como construímos presença digital precisa considerar não só keywords e links, mas “ser selecionável pela IA”.
Impacto no caminho do usuário: se um navegador com IA oferece respostas, destaque ou mesmo “mini-experiências” embutidas, o papel de sites como fonte de autoridade ganha mais peso, mas talvez menos volume de cliques diretos. Estratégias de marca, E-E-A-T e conteúdos que façam a IA “querer citar você” passam a ter protagonismo.
Recalibragem de canais e métricas: será ainda mais importante analisar não apenas sessões vindas de busca orgânica convencional, mas impressões, “ser citado em resposta da IA”, engajamento pós-clique qualificado e o papel de formatos alternativos (vídeo, áudio, interação).
Oportunidade de pioneirismo: quem conseguir adaptar cedo seus conteúdos para “responder bem à IA”, com estrutura clara, sinais fortes de autoridade, dados e citações, estará à frente de quem só aposta em ranqueamento clássico.
Como este relatório é construído?
Antes de mostrarmos os dados concretos, é importante entender como chegamos a essas conclusões, certo?
Tudo começa com a base de dados do SEMrush, especialmente o relatório que destaca domínios que ganharam ou perderam tráfego estimado. Ou seja, uma métrica que não reflete acessos reais, mas que serve como bom termômetro de tendências.Em seguida, entra em campo uma camada de automação: cada domínio é passa por um modelo de IA para categorização inicial, e depois por outro modelo de validação — como um “segundo par de olhos” automatizado — para garantir mais consistência. Dessa forma, conseguimos agrupar os dados por nichos e enxergar movimentos amplos, não apenas flutuações isoladas.
Também aplicamos um filtro para priorizar os domínios com maior relevância, aqueles que de fato ajudam a contar uma história sobre o cenário das buscas. O foco principal está nas variações mensais (MoM), mas temos estrutura para comparação ano-a-ano (YoY) sempre que necessário.Em resumo, nosso objetivo é simples: converter números em contexto. Porque no universo de SEO, olhar para os dados certos com a lente certa pode fazer toda a diferença.
Categorias vencedoras
Em meio a tanta instabilidade nas SERPs e mudanças no comportamento de busca, alguns nichos da web brasileira foram capazes de aproveitar o momento e saíram na frente em outubro. Essas são as categorias que mais cresceram em tráfego orgânico, registrando um aumento de visibilidade mesmo em um cenário de oscilação constante.
Confira a seguir o ranking completo das categorias que mais ganharam força nas últimas semanas e, logo depois, as análises detalhadas do que pode ter impulsionado esse crescimento.
Redes Sociais e Comunidades Online
Mais uma vez, a categoria Redes Sociais e Comunidades Online dominou o topo do ranking (e com folga!).
Principais domínios e variação no tráfego orgânico:
Isso é reflexo de uma indexação cada vez mais agressiva de conteúdos UGC (gerados pelos usuários) em formato audiovisual: o Google tem ampliado a indexação e a exposição de páginas sociais e de vídeos diretamente no SERP (carrosséis de vídeo, cards com posts e trechos de threads). Plataformas que produzem grande volume de conteúdo multimídia, como YouTube e TikTok, capturam esse tráfego.
Aliás, dá pra dizer que os conteúdos em vídeo já são priorizados há algum tempo nas SERPs do Google para consultas navegacionais e virais – movimento que deve continuar se intensificando –. Para o buscador, esse formato muitas vezes oferece a melhor resposta para a intenção de busca, especialmente em pesquisas ligadas a entretenimento, tutoriais ou demonstrações.
A natureza imediata e visual desses resultados os torna mais resistentes ao resumo de IA do que o texto informacional tradicional. Aliás, os vídeos já aparecem dentro das próprias respostas automáticas dos AI Overviews, mas em uma posição de destaque que acaba levando muita gente para as plataformas sociais.
O crescimento também pode estar ligado ao fenômeno de “efeito rebote das IAs”: em algumas consultas com respostas automáticas, os usuários buscam confirmações com base em “evidência social” (opiniões, reviews, discussões etc), principalmente em tópicos que pedem experiência real. Em outras palavras, as IAs respondem, mas geram demanda por validação humana, beneficiando fóruns e redes.
Por fim, outubro foi marcado por uma série de campanhas sazonais e colaborações de influenciadores, que ampliaram a presença dessas plataformas nas buscas. Em um cenário onde o Google vem priorizando resultados enriquecidos e respostas diretas via IA, as redes sociais seguem se destacando por oferecer algo que nenhuma Visão Geral consegue replicar: interação, imersão e entretenimento.
Esportes
Depois de aparecer entre as perdedoras de agosto, a categoria Esportes passou por uma trajetória de ascensão ao longo de dois meses até finalmente voltar ao pódio, em outubro.
Principais domínios e variação no tráfego orgânico:
O impulso veio de uma combinação de fatores: o pós-Olimpíadas de Paris 2025, que manteve o interesse por atletas e resultados, e o início das fases decisivas dos campeonatos nacionais, como o Brasileirão e a Libertadores da América. Além disso, o início da temporada de fantasy sports – os games que simulam campeonatos esportivos – fez com que as pesquisas de nicho disparassem.
Domínios como lance.com.br e noataque.com.br registraram picos de visibilidade, beneficiando-se do alto volume de buscas por tabelas, jogos, escalações e classificações. Mais uma vez, a categoria se beneficiou da própria natureza dos conteúdos esportivos: consultas de alta frequência e baixa previsibilidade, que continuam gerando cliques mesmo em um contexto de IA generativa.
Como já mencionamos outras vezes, o conteúdo esportivo é "anti-clique zero" por natureza, já que os usuários buscam ativamente resultados ao vivo, análises detalhadas, comentários especializados, interação com outros torcedores e informações de escalação que exigem uma visita à plataforma de notícias esportivas. Embora uma IA possa fornecer o placar final, a experiência de acompanhar o esporte envolve um engajamento mais profundo que só é satisfeito por meio do clique.
Outro ponto relevante é a convergência entre esporte e plataformas sociais: materiais como vídeos de gols, entrevistas e bastidores têm viralizado bastante nas redes, o que ajudou a retroalimentar o tráfego para sites oficiais e portais de notícias esportivas.
Publicação e Impressão
Quem disse que conteúdos longos e editoriais não têm espaço na era dos vídeos curtos?
Principais domínios e variação no tráfego orgânico:
Fechando o pódio das vencedoras de outubro, a categoria Publicações e Impressão apareceu pela primeira vez entre os destaques do nosso Relatório de Altos e Baixos, com ganhos concentrados principalmente em sites que disponibilizam material impresso, PDFs, guias e portais de pequenas editoras
O crescimento pode ser explicado por dois movimentos principais. Primeiro, a alta editorial do mês, com pautas culturais, lançamentos literários e reportagens de interesse humano ganhando tração em portais e revistas digitais. Segundo, a valorização de conteúdos aprofundados e atemporais (evergreen), que têm se mostrado eficientes para reter tráfego em meio à instabilidade das SERPs.
Aqui, a autoridade também teve um papel importantíssimo. Portais reconhecidos, como o da Editora Abril – que produz conteúdo especializado em diversas revistas – têm desempenho excelente nos fatores E-E-A-T. É possível que as recentes atualizações algorítmicas (que começaram a se desenrolar em outubro) tenham reavaliado positivamente a autoridade do domínio, recompensando-o com melhor visibilidade
Vale lembrar que, embora seja capaz de oferecer respostas complexas para buscas informacionais, as respostas de IA não são capazes de substituir artigos de opinião, colunas e análises interpretativas.
Em um contexto dominado por resumos automáticos e respostas instantâneas, a recuperação da categoria mostra que ainda há espaço para o conteúdo que informa com profundidade, contexto e autoria. A longo prazo, esse pode ser o caminho de resiliência dos publishers diante da era generativa.
Categorias perdedoras
Enquanto algumas categorias aproveitaram o embalo das tendências sociais e de comportamento, outras sentiram os efeitos diretos da busca generativa e da sazonalidade em outubro. Os nichos que fecharam o mês “no vermelho” foram aqueles que registraram quedas mais expressivas de tráfego orgânico.
A seguir, você confere o ranking completo das categorias que mais perderam visibilidade na web brasileira e as análises sobre o que pode ter influenciado o desempenho desses segmentos.
Materiais de Referência
A categoria Materiais de Referência liderou as perdas de outubro, aparecendo entre os destaques negativos da nossa análise pelo segundo mês consecutivo.
Principais domínios e variação no tráfego orgânico:
O movimento reflete um padrão que vem se consolidando ao longo do segundo semestre: a migração das consultas informacionais para os recursos de IA do Google, como as AI Overviews e o Modo IA, agora plenamente ativo no Brasil.
Em vez de clicar em links para obter definições, significados ou informações rápidas, o usuário tem cada vez mais suas dúvidas resolvidas diretamente na SERP, em resumos automáticos que combinam trechos de sites de alta autoridade, como Wikipedia, Dicio e Priberam.
Esse “efeito clique-zero” afeta especialmente conteúdos enciclopédicos, que já possuíam uma intenção de busca informacional simples. O fenômeno não representa uma perda de relevância das fontes, mas uma mudança estrutural no fluxo de acesso: as informações continuam sendo exibidas, mas o clique deixa de ser necessário.
Isso sem falar nas novas tendências comportamentais que têm provocado uma migração para as interfaces dos chatbots: agora, muitos usuários preferem “perguntar ao ChatGPT” do que “dar um Google” na hora de buscar definições e explicações.
As perdas do portal Wikipedia são as que mais chamam atenção. O domínio mundialmente reconhecido – que também serve como principal fonte de treinamento para muitos modelos de IA – perdeu bastante tráfego, mas ganhou 52.542 palavras-chave.
É um exemplo perfeito do que os especialistas em SEO têm chamado de Grande Desacoplamento: o Google continua a indexar o conteúdo (ganho de palavras-chave), reconhecendo sua utilidade e autoridade, mas a IA generativa sintetiza a resposta diretamente na SERP, resultando em uma perda de clique estrutural. Consultas definicionais, como as que direcionam tráfego para sinonimos.com.br ou bab.la, são agora resolvidas integralmente na Visão Geral de IA.
A tendência reforça um alerta importante para o SEO: o modelo tradicional de tráfego orgânico está sendo substituído por uma visibilidade indireta, na qual a autoridade e a presença semântica importam tanto quanto a posição nos resultados.
E-commerce e Compras
Outubro foi o terceiro mês consecutivo de perdas para o setor de E-commerce e Compras.
Principais domínios e variação no tráfego orgânico:
Embora os números sejam impressionantes, a verdade é que essa retração pode ser vista como um reflexo de padrões sazonais: outubro é tipicamente um mês de menor atividade para o varejo online antes da explosão de demanda impulsionada pela Black Friday em novembro. Então dá pra dizer que esse período de “seca prolongada” que a categoria vem enfrentando seria uma espécie de “entressafra” – algo natural e esperado –.
O mercadolivre.com.br liderou a perda de tráfego. Mas, assim como no caso da Wikipedia, o domínio ganhou palavras-chave. Essa desconexão pode indicar que os resultados orgânicos foram interceptados por outros recursos da SERP, como Rich Snippets de produtos, listagens de shopping e painéis de comparação de produtos exibidos na página de resultados.
Além da sazonalidade, há fatores estruturais. O crescimento do social commerce e da busca por voz e imagem vem deslocando parte da jornada de compra para outros ambientes digitais. Muitos consumidores agora descobrem produtos via vídeos no TikTok, anúncios integrados no Instagram ou recomendações em marketplaces próprios, em vez de iniciar a busca no Google.
A perda, portanto, não indica fraqueza do setor, mas sim uma mudança no ponto de partida da intenção de compra. Para o SEO, o desafio é reposicionar as estratégias para capturar o usuário não apenas quando ele busca, mas quando ele é inspirado a comprar.
Notícias e Mídia
Encerrando o grupo das perdedoras, a categoria Notícias e Mídia registrou queda de aproximadamente 15 milhões de acessos orgânicos em outubro.
Principais domínios e variação no tráfego orgânico:
O declínio reflete tanto fatores sazonais quanto os efeitos diretos da busca generativa e os impactos das mudanças algorítmicas. Com o fim do ciclo olímpico e perda de tração das pautas políticas, o tráfego jornalístico recuou devido à falta de temas de grande interesse público.
O globo.com sofreu a perda mais significativa, com uma redução de mais de 20 Milhões em tráfego e diminuição de palavras-chave. Essa perda de ambas as métricas, em contraste com o Grande Desacoplamento observado em outros meses, indica que o portal pode ter sido diretamente afetado pelas reavaliações de qualidade dos algoritmos.
Além disso, os recursos “zero-click” têm se mostrado cada vez mais eficientes na tarefa de sintetizar informações sobre acontecimentos nas próprias SERPs, o que desencoraja os cliques nas notícias. As IAs, painéis e snippets conseguem sintetizar notícias breves e satisfazer consultas rápidas sem clique. Para notícias de última hora, o SERP mostra cards e timelines que reduzem cliques para sites secundários.
A tendência é de que esse movimento se intensifique cada vez mais agora que o Modo IA está a pleno vapor no Brasil. A ferramenta tem potencial para absorver parte significativa das buscas informacionais, especialmente nas consultas sobre acontecimentos recentes ou contextos gerais. Nessas situações, a IA do Google pode oferecer resumos diretos e respostas de alta completude, reduzindo o clique em portais de notícia, principalmente em matérias de caráter factual.
Conclusão
Outubro foi mais um mês de transição no cenário do SEO, e talvez um dos mais reveladores do ano!
As oscilações intensas nas SERPs confirmam que a Pesquisa Google segue em um ciclo contínuo e intenso de transformações. Enquanto os usuários reinventam as formas tradicionais de buscar e consumir informações, a popularização do AI Mode no Brasil consolida de vez a fusão entre busca e inteligência artificial.
Colocando de maneira bem direta, dá pra dizer que as tendências mais claras que observamos em outubro são:
A força das redes sociais como ponto de partida das jornadas digitais;
O avanço das zero-click searches, principalmente em nichos fortemente baseados em buscas informacionais.
A mudança no comportamento de busca, agora mais conversacional e contextual;
E a necessidade de estratégias centradas no usuário, que equilibrem técnica, experiência e autoria.
O recado que outubro deixa é direto: não basta mais ranquear, é preciso se manter relevante num ecossistema complexo que pede presença digital ampla e autoridade de marca.
Esperamos que tenha curtido este material, e se quiser saber como a Wesearch pode ajudar com análises como essas, focadas no seu negócio e até mesmo com outras estratégias de SEO, vem falar com a gente!



Comentários